CânonHan Solo: Uma História Star WarsSpoilers

Artigo de Opinião | Han Solo – Uma História (subestimada de) Star Wars

Obviamente este post contém spoilers de Han Solo – Uma História Star Wars. Se você ainda não assistiu o filme, vá assistir e depois volte.

As “histórias Star Wars” foram introduzidas na franquia como uma forma de expandir o universo e contar outras histórias fora da saga episódica dos Skywalkers, sobre pessoas que também deram contribuições para a galáxia muito muito distante mesmo não estando no centro de tudo e/ou cujas histórias sejam interessantes para o público.

Han Solo – Uma História Star Wars é o segundo nessa linha e é um filme aparentemente controverso. Não pelo seu conteúdo, como Os Últimos Jedi, mas pela aparente falta de razão de ele ser feito. Some isso aos problemas de produção do filme e aos problemas de narrativa de Os Últimos Jedi que causaram a fúria de muitos, e está aí a fórmula para uma aparente falta de motivação dos fãs em ver o filme, o que pode levar a um aparente fracasso nas bilheterias.

Mas aí fica a pergunta: Será que o filme do Han Solo merece isso? Eu assisti e na minha opinião não merece mesmo.

Sobre Os Últimos Jedi, sigo como diz o Lando em uma cena: “Eu não gosto, eu não concordo, mas aceito”. Até por que ainda temos o Episódio IX para fechar essa história, e dependendo do que acontecer posso fazer um veredito final. Mas a tentativa de boicote ao novo spin-off mostra mais uma vez o quanto o fandom está contaminado pelos excessos.

Sobre Han Solo, arrisco a dizer que esse filme é o que Os Últimos Jedi (ou talvez parte dele) deveria ter sido. Ele tem cara de Star Wars, tem uma história com plot twists e pequenos detalhes surpreendentes, subplots que não cansam, e claro, referências e fã services (um deles que deixa qualquer fã surtando), além de momentos engraçados, mas tudo na medida certa. E Alden Ehrenheich interpreta bem o papel, buscando não simplesmente imitar o Harrison Ford, mas focando em quem Solo era nesse momento da vida, um Han Solo diferente mas não tão distante da Trilogia Original. É uma mistura tão boa que é difícil explicar.

Destaque para a introdução do componente talvez mais valioso da saga: O coaxium, uma espécie de substância química altamente explosiva em seu estado bruto, que é o centro de todo o filme (e que acaba sendo injetada na Millenium Falcon, assim explicando por que Han Solo nunca tem problemas com falta de combustível). É um filme de ladrões roubando ladrões, e alguns deles merecem ter 1000 anos de perdão.

Um deles é Enfys Nest, talvez o melhor plot twist do filme, que foi divulgada como um vilão, mas no filme se revela uma jovem que saqueia dos grupos aliados ao Império para alimentar a Rebelião. O final do filme principalmente é cheio de twists, te deixando até meio confuso em como vai terminar. Mas uma coisa é certa: A diversão está por todo o filme, seja por Lando Calrissian sendo aquele charmoso jogador de sabacc com gostos peculiares, seja por L3-37, uma droide ativista por direitos iguais, ou pela química entre Han Solo e Chewbacca, com direito a uma cena, digamos, comprometedora.

E por falar nos dois, o modo como eles se conhecem é surpreendentemente nada amigável, aliás, muitas das coisas que esperávamos acontecer, aconteceram de formas surpreendentes, como o fato de que Han recebeu o sobrenome Solo casualmente por um recrutador imperial, que a Millenium Falcon já era chamada assim pelo Lando, que os dados sempre estiveram com o Han desde o começo, que a corrida de Kessel nao é uma corrida mas sim um turbilhão em volta de um planeta (por isso os parsecs), e, bônus: Descobrimos que foi na Kessel Run que a nave bonita do Lando virou a lata velha com o design que todos nós conhecemos.

Descobrimos também que o verdadeiro vilão por trás da coisa toda era… Darth Maul, que faz uma pequena aparição num holograma, convocando Qi’ra, que traiu a confiança de Han no maior estilo “sala do trono de Snoke”, para Malachor, deixando os fãs malucos. Também vemos Han entrando na velocidade da luz para Tatooine, para assim acabar trabalhando para Jabba The Hutt. Seria isso uma deixa para algum próximo filme? Será que o filme do Boba Fett continuará essa história? Será que dará pinceladas nos negócios entre Darth Maul e Dryden Vos, agora substituído por Qi’ra? É esperar pra ver.

No mais, saí do cinema realizada. (Apesar das mortes. É, nem todos sobrevivem. E do letreiro azul no início, que apesar de ser um diferencial super bem vindo, o que estava escrito lá não é extremamente necessário para entender o filme e poderia ter sido melhor introduzido durante o filme.)

Um filme que tinha tantas baixas expectativas do fandom me surpreendeu. Alguns podem sair do cinema e achar que este foi só mais um filme de “sessão da tarde”, mas Star Wars começou assim, não é mesmo? Que os próximos sejam tão bons quanto.

Ah, e quase ia me esquecendo: Han sempre atira primeiro.