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Games | Criadora de “Uncharted” fala sobre seu jogo de Star Wars

Em uma extensa entrevista, a premiada diretora fala por que ela quase recusou Star Wars e outros detalhes  sobre o muito aguardado jogo.

O processo utilizado por Amy para seus jogos não é convencional. A prática comum em um jogo produzido com captura de movimentos é gravar um ator por vez e depois adicionar cada um quando a cena estiver sendo animada, mas Hennig trabalha de outro jeito. Ela junta os atores e grava uma cena do início ao fim, captando desde os seus movimentos faciais até suas vozes. É como se fosse teatro.

Os atores se juntam em um palco de som e atuam cada cena sem interrupções. O processo pode ser um pouco desconfortável – roupas de lycra apertadas, pontos marcados no rosto, capacete com câmeras – e às vezes algo pode dar errado, como alguém olhar para o lado errado, mas isso pode ser consertado depois. Para Amy, o importante é captar o sentimento correto de cada cena ao ter atores reagindo para cada um em um jeito que soe natural.

“Não há algo como gravação conjunta em games”, ela diz. “E isso é bobagem, se você pensar a respeito, por que atuar é reagir, e quando você está gravando um ator fazendo uma cena, eles precisam estar reagindo a algo.”

Hennig gosta de deixar seus atores serem eles mesmos, por isso ela usualmente contrata comediantes, especificamente aqueles que fazem improvisações. “Isso dá qualidade ad hoc às cenas, que é algo que eu gosto.”

Untitled Star Wars game
O jogo ainda sem título de Star Wars que Amy está trabalhando não é um “Star Wars Uncharted”.

Inicialmente, Hennig estava cética sobre a oferta da EA para Star Wars. Quando Steve Papoutsis, o Gerente Geral da Visceral Games, explicou que a EA queria uma aventura de ação em terceira pessoa “desconexa” – um gênero em que a EA não tem muita experiência – Hennig não conseguia tirar da cabeça a imagem de um jogo mal feito cujas ambições não eram nada além de ganhar dinheiro em cima do que deve ser a maior propriedade intelectual do mundo.  “Imagine o quão doloroso seria, ” ela diz, “trabalhar em algo que eu amo muito apenas para ser esmagada pelas rodas combinadas da EA, Lucasfilm e Disney.”

Embora o novo jogo de Star Wars seja espiritualmente parecido com Uncharted,  Hennig insiste que não será “Star Wars Uncharted“. É uma distinção importante a fazer. Por exemplo: você nunca verá um jogo de Uncharted cortar para o ponto de vista do vilão. Pode ser em terceira pessoa, mas sempre estamos seguindo o herói, do mesmo jeito que são os filmes de Indiana Jones. Star Wars, entretanto, é diferente. É mais uma aventura com múltiplos arcos de personagens, o que permite a todos fazer coisas em paralelo – testemunhar a fuga da Estrela da Morte em Uma Nova Esperança. 

Amy tinha 12 anos quando Uma Nova Esperança foi lançado e ela, claro, amou o filme. Ela se lembra de ter virado pra sua melhor amiga e ter dito algo do tipo: “Puuuuut* merda”. “Havia algo no filme que parecia completamente diferente do que eu já havia visto antes”, ela diz. “Era como se fosse uma porta que se abria em minha cabeça. “

O que a fez aceitar esse trabalho foi a promessa de trabalhar junto com a Lucasfilm, especificamente com Kiri Hart, a chefe do grupo de história da empresa, e Doug Chiang, diretor criativo executivo da Lucasfilm. Para o prazer da Amy, houve frequentes visitas ao Skywalker Ranch desde que começou a trabalhar no jogo, primeiro para fotografar e escanear modelos para o jogo – roupas, máscaras, artes originais de Ralph McQuarrie – e simplesmente sentir atmosfera do lugar.

O jogo ainda é tratado com segredo pela Lucasfilm e EA, mas na E3 2016 tivemos as primeiras cenas do novo jogo da Visceral. As primeiras informações concretas sobre o jogo, como sinopse e trailer, devem começar a serem publicadas ano que vem, já que o jogo será lançado em 2018.

Paulo Rabelo

Aracajuano, fã de Star Wars desde quando assistia The Clone Wars na Globo. Um dos fundadores da Sociedade Jedi, trago notícias, curiosidades e resenhas sobre a nossa amada saga.