Dossiê | Rey Skywalker em Os Últimos Jedi – Apêndice I: Comentários dos criadores do filme
Este é um apêndice do dossiê que prova que a teoria Rey Skywalker ainda está viva. Você não precisa desse post para falar sobre ReySky no filme, mas é um complemento que ajuda a demonstrar que ainda é possível.
“[O parentesco de Rey] é integral. É importante. É algo que é interessante, mesmo quando estávamos desenvolvendo O Despertar da Força, era uma das questões centrais que estávamos nos perguntando.” – Kathleen Kennedy (Fonte: MTV)
Há muita discussão no fandom sobre o quanto da Trilogia Sequel foi planejado, e o quanto foi uma escolha pessoal de cada escritor. Rian Johnson sempre diz em entrevistas que teve completo controle criativo ao escrever Os Últimos Jedi, e Rian diz que, particularmente em relação ao parentesco de Rey, ele nunca teve nenhuma direção em como responder essa pergunta. Mas isso deixa muitas pessoas confusas, pois, em muitos casos, Rian contradiz diretamente muitas coisas que a produção da trilogia vêm dizendo, e ninguém ainda da Lucasfilm veio esclarecer as coisas sobre isso. E aí, qual é a verdade?
Abaixo está uma compilação de falas de Rian e de outras pessoas envolvidas na trilogia, junto com uma comparação entre elas, e o que achamos que realmente está acontecendo.
Liberdade criativa
“Nunca me disseram se ela [Rey] era ‘isso’ ou ‘aquilo’ [Skywalker ou outra coisa].” – Rian Johnson (Fonte: Collider)
“Sim [Eu sei quem são os pais da Rey]. Sim” “[Eu descobri] quando a gente estava filmando o [Episódio] VII.” – Daisy Ridley (Vídeo da entrevista)
“No processo de design, a presidente da Lucasfilm Kathleen Kennedy disse que o design de Canto Bight não parecia tão ‘Star Wars’ pra ela. Então a equipe jogou o projeto fora e fez um design inspirado nos conceitos de Ralph McQuarrie para o palácio de Jabba.” – Germain Lussier, jornalista, falando do processo de produção de Os Últimos Jedi. (Fonte: Gizmodo)
Colaboração
“Bom, eu não sei. [J.J] pode ter tido ideias na cabeça dele de como iria ser, mas ele nunca falou pra mim. Ele deixou isso em aberto, sabe.” – Rian Johnson (Fonte: Slashfilm)
“Larry e eu tivemos muitos pensamentos sobre onde algumas coisas iriam e nós compartilhamos isso com Rian Johnson, que está dirigindo o VIII. Ele tinha coisas que ele trouxe e ele perguntou se a gente podia fazer alguns ajustes — somente algumas coisas que pareciam não estar certas, então ele fez ajustes — mas só foi colaboração.” – J.J Abrams (Fonte: Hollywood Reporter)
“O roteiro pro VIII já está escrito. É certo que haverá muitas edições, como sempre. Mas o que Larry e eu fizemos foi estabelecer certas relações chave, certas questões chave, conflitos. E nós sabíamos onde certas coisas estavam indo. Tivemos reuniões com o Rian e o Ram Bergman, produtor do VIII. Eles assistiram alguns dias de gravação do filme. Quisemos que fizessem parte do processo, pra fazer a transição mais simples possível. Mostrei pra Rian um dos primeiros cortes do filme, porque eu sabia que ele estava reescrevendo e preparando [o roteiro]. E como produtor executivo do VIII, Eu precisava que esse filme fosse bom. Esconder não serve a ninguém e muito menos os fãs. Então somos os mais transparentes possíveis.
Rian pediu algumas coisas aqui e ali que iam ficar melhor pra sua história. Ele é um cineasta talentoso e um escritor incrivelmente forte. Então a história que ele contou pegou o que a gente estava fazendo e levou na direção que ele achava melhor, mas mesmo assim estando na linha do que estávamos pensando. Mas você está certo — esse vai ser o filme dele; ele vai fazer do jeito que ele acha melhor. Ele não pergunta e nem precisa de mim pra olhar o processo.” – J.J Abrams (Fonte: Wired)
Planejamento
“Isso é o que foi legal sobre o processo de narrativa. Nós sabemos que isso é um arco de 3 filmes. Sabemos que o primeiro filme é uma introdução, que o filme do meio é treinamento, significa que temos que desafiar os personagens. O terceiro é quando eles se juntam e você tem que resolver tudo. Mas eu pude escrever esse roteiro sem bases pra seguir. Significa que eu tinha que reagir aos meus sentimentos vendo O Despertar da Força, e ai descobrir o que eu queria ver. Eu pude fazer algo pessoal. Eu pude levar esses personagens onde parece certo e mais interessante. Acho que parte da razão do filme parecer que vai para lugares inesperados é por que tivemos essa liberdade. Se tudo tivesse sido planejado e escrito antes, acho que pareceria mais calculado, suponho.” – Rian Johnson (Fonte: Flickering Myth)
“[O chefe do grupo de histórias da Lucasfilm] Kiri [Hart] foi muito bem criando uma linha do tempo narrativa, e tendo todo mundo envolvido numa certa narrativa entendendo onde isso pode se encaixar. Isso se torna importante pelo jeito que falamos dessas histórias.” – Kathleen Kennedy (Fonte: Wired)
“Nós estávamos meio que decidindo, porque obviamente você sabe que está construindo algo na estrutura de uma trilogia, precisávamos ter algum senso de onde essa saga estava levando sem forçar coisas e deixando lugar para um desenvolvimento criativo. Mas tivemos que ter um senso de onde estávamos indo.” – Kathleen Kennedy (Fonte: Slashfilm)
Para Rian afirmar que o parentesco de Rey foi algo que ele teve liberdade pra decidir, poderíamos ter três hipóteses:
- O parentesco de Rey foi uma “questão central” que a produção discutiu muito no início do processo, mas nenhum veio com uma decisão acertada e decidiram esperar para que o terceiro diretor decida.
- J.J foi “o mais transparente possível” com Rian, tendo tanta certeza sobre quem seriam os pais de Rey que ele contou pra Daisy como um fato, mesmo assim nas suas (inúmeras) conversas sobre o parentesco da Rey, ele omitiu a Rian essa informação.
- J.J e Kathleen estão deliberadamente mentindo sobre qualquer tipo de história já esboçada pela Disney e Lucasfilm, mas não quiseram “corrigir” Rian sobre isso.
Acreditamos que a resposta esteja na verdade entre uma liberdade criativa e uma trilogia já esboçada. Rian teve liberdade total para a história e para desafiar os personagens porque era isso que a Lucasfilm queria para o segundo filme de sua trilogia.
Rian escolheu usar a maior fraqueza de Rey, seu desejo por sua família e uma identidade, para desafiá-la. Rian disse que escolheu precisamente Kylo Ren para fazer a suposta revelação a ela, como disse em um recente podcast da revista Empire:
“Pra mim, se Rey tivesse tido a resposta de que ela é filha de fulano e siclano, ela teria aprendido seu lugar na história, e isso seria a coisa mais fácil dela ouvir,” […] “A coisa mais difícil é, ‘Não, isso não vai te definir’ […] E você vai ter que encontrar sua própria identidade na história.”
Nós temos um post sobre Rey Random que explica por que Rey teria que construir sua identidade de um jeito ou de outro, se ela tivesse sido revelada como uma Skywalker logo em Os Últimos Jedi. Mas Rian parece ter uma coisa diferente em mente.
Ele pôs em dúvida se Kylo está contando a verdade literal para Rey ou não. Em uma entrevista para a Collider, Rian explicou que mesmo que Kylo no final não esteja mentindo pra Rey, ele não está “[…] escrevendo o próximo filme, vamos ver como isso termina, por que a gente sabe que nesses filmes sempre tem a questão do ponto de vista.”
Em estilo Star Wars, este “certo ponto de vista” resolve o paradoxo de como tanto Rian quanto os outros podem estar falando a verdade sobre a escolha do parentesco de Rey. Rian pôde escolher entre dar a Rey a resposta verdadeira em Os Últimos Jedi, ou então vir com qualquer resposta falsa para retardar a revelação verdadeira para o final da trilogia. Rian pode ter escolhido a última opção pra desafiar Rey como uma personagem, pra dar a ela a chance de encontrar seu lugar próprio na história sem usar o lugar que sua família daria. Ela deve demonstrar sua identidade Skywalker, sem saber que ela é uma, para mostrar que Kylo Ren está errado sobre o legado da família.
Acreditamos que nem Kathleen nem Rian estão mentindo, mas sim preservando um segredo que nós precisamos descobrir junto com a heroína no ato final.
