Resenha | Kenobi – Um verdadeiro Jedi
Se existe uma obra que me entristeceu quando foi colocada como Legends pela Disney, essa obra foi Kenobi.
Mas não fique assustado, o fato do Novel escrito por John Jackson Miller não ser mais cânon não tira absolutamente nenhum mérito do livro.
O romance se passa logo depois dos acontecimentos do Episódio III, e seu personagem principal é nada mais, nada menos que Obi-Wan Kenobi. Começamos a acompanhar o mestre Jedi na sua jornada por Tatooine.
Com a queda da República, o bebê Luke Skywalker é um menino com o potencial para ser a nova esperança contra o Império, porém nem o garoto e nem seu pai, Darth Vader, podem saber de sua importância para a Galáxia.
Para esconder o menino, Obi-Wan o deixa com seus tios. NÃO, não é uma decisão estúpida, o último lugar que Vader tem interesse de ir é para seu planeta natal Tatooine, aquele deserto trouxe muita dor, e acima de tudo, faz o Lord lembrar de Anakin, memória que o Sith não gosta de ter.
Por mais que Kenobi não quisesse chamar atenção, ele estava em uma cidade muito pequena. Então, não demorou para a figura fora do convencional se destacar. O Jedi também não conseguia deixar seus instintos de lado, o livro cita que, apesar de estar em exílio, ele não deixou de ser um Mestre, e por isso ele deve fazer a coisa certa.
Uma das suas primeiras ações no livro é salvar a dona de um armazém local chamada Annileen Calwell. Por mais que o livro seja majoritariamente de Kenobi, sua história é contada através de vários núcleos, dentre os principais, temos o de Annileen e o de Orrin Gault, um homem que tem uma rede que faz a segurança contra o Povo da Areia.
O Povo da Areia também é algo muito bem tratado no livro. Miller nos mostra que eles são sim selvagens, mas isso não significa que são um povo sem organização e hierarquia.
Vemos constantemente Kenobi escrever cartas para seu mestre Qui-Gon Jinn. Isso talvez seja a parte mais emocionante do livro, é muito legal ver a relação de mestre e aprendiz entre os personagens. Quase não vimos Qui-Gon na Saga, e aqui, podemos perceber um pouco mais da importância que o mestre tinha.
O novel possui um clima diferente, por muitas vezes me peguei lendo uma aventura dos antigos faroeste. Isso é algo totalmente diferente da temática galáctico de Star Wars.
O livro conta a história de como um dos maiores Mestres Jedi virou o Velho eremita do planeta Tatooine. Ele nos mostra um Kenobi intermediário, ainda não é o calmo e solitário que vemos na trilogia original, e também não é o divertido Jedi que vemos nos Prequels.
A arte da capa, mostra um mestre Jedi com seu lindo sabre de luz. Obi-Wan é um dos meus personagens favoritos, e quando estava admirando a capa me perguntei o por que.
John Responde BRILHANTEMENTE essa pergunta. O autor entende muito bem o personagem. Kenobi é amável, forte, amigável e duro quando se deve ser. Em nenhum momento do livro me peguei pensando “isso não era o que Obi-Wan faria!”.
No final, Miller nos faz pensar sobre muitas coisas. Nem tudo se trata de espaço, de sabre de luz ou até mesmo dos Jedi. A Força é forte em Obi-Wan, e por isso ele é quem é! Muitas vezes ficamos presos, e na nossa prisão, limitamos a Força à algo pertencente aos Siths ou aos Jedi. No livro aprendemos, junto com Kenobi, a não limitar a Força.
A vida do Jedi não foi fácil, ele viu seu mestre morrer prematuramente. Para honrar sua memória, assumiu o treinamento de uma das pessoas mais poderosas na Força. Viu Anakin crescer, virar Padawan, Cavaleiro, e mestre Jedi. Também viu os confusos sentimentos e pensamentos que o menino tinha, e ao invés de o punir, o mestre o amou. “Eu amei você”, foram justamente essas as últimas palavras de Kenobi para Anakin.
O livro mostra que, mesmo o menino o traindo e indo para o lado das trevas, Obi-Wan nunca deixou de amar seu Padawan, e eu acredito que isso é que um verdadeiro Jedi faz.