Resenha | O Retorno de Jedi
O Retorno de Jedi foi, por muito tempo, a conclusão “definitiva” da saga e na minha humilde opinião, o final perfeito para um dos maiores e melhores protagonistas da história do cinema: Anakin Skywalker.
O sexto episódio tem tudo que um ótimo filme precisa para tornar-se inesquecível: roteiro marcante, épicas aventuras, romance, revelações inesperadas e claro, ewoks polêmica.
Como todos devem se lembrar O Império Contra-Ataca terminou de uma maneira incômoda, com a descoberta da paternidade de Luke, que se não bastasse, ainda foi mutilado em sua batalha e um dos principais heróis da trama congelado em carbonita nas mãos de Boba Fett. Seus destinos eram incertos. TUDO era incerto, na verdade.
A única certeza que os fãs da época tinham, era que viria um outro filme para resolver essas questões e outras tantas.
Foi com essa senhora responsabilidade que O Retorno de Jedi chegou às telonas em 1983.
E acreditem, não decepcionou.
O início
O filme já começa pegando fogo.
Já no texto inicial padrão nos é informado que Luke voltou a seu planeta natal para tentar salvar seu amigo Han das mãos de Jabba, o Hutt. Mas não só isso… diz também que uma nova estação espacial maior e mais terrível que a Estrela da Morte está em construção. E eis que ela surge, no primeiro plano do filme e após 6 anos a Estrela da Morte volta às telas, muito mais assustadora e sinistra com sua estrutura não finalizada.
Quando Vader desembarca, com direito a comitê de recepção, na nova estação de batalha ele avisa algo também inédito: O Imperador viria inspecionar a construção pessoalmente. Seria a primeira vez que o famigerado vilão da trilogia apareceria em carne e osso. Tem como ficar mais emocionante que isso? Sim, tem, e ficou.
O Jedi (?)
Embora o título nos diga que Luke voltou a Tatooine, Ele demora para aparecer. Apenas quando as tentativas “fracassadas” de 3PO, R2, Leia e Chewie dão errado ele aparece… “Mas espere aí. Não é o mesmo Luke!!”
Não. Não é. O Luke mudou. Se foi algo dentro dele ou devido à sua experiência externa não sabemos, mas uma coisa é certa: Estas mudanças fizeram dele mais sereno, mais calmo, determinado e porque não dizer sombrio já que ele chega de cara enforcando os guardas Gamorreanos com a Força e usando o Truque mental em Bib Fortuna. “Back in Black” literalmente.
Essa mudança para mim ficou muito evidente. Não só em sua forma de vestir. Luke não é mais o fazendeiro sonhador, o pretensioso aprendiz ou o guerreiro prepotente. Ele agora é um Jedi, pelo menos é assim que ele se apresenta a Jabba no Holograma mostrado por R2.
Na luta do Sarlacc, vemos que Luke construiu seu próprio Sabre de luz, bem parecido com o de Ben Kenobi, mas com uma cor até então nunca vista: Verde.
Isso só vem para comprovar o que já estava claro. Luke Skywalker não é mais o mesmo e penso que nunca mais seria.
Destino
Após salvar seu amigo, Luke volta a Dagobah apenas para encontrar um Yoda, enfraquecido pela doença e idade, em seu leito de morte. Antes de se unir à Força, Yoda revela que Luke ainda não é um Jedi e que deve enfrentar seu pai (Sim, Vader é mesmo pai de Luke) e o Imperador uma última vez.
Para mim, o diálogo que se segue é lindo. Assim que o jovem Skywalker assume para R2 (na verdade para si mesmo) que não conseguiria lutar contra Vader, agora sabendo que ele é seu pai, Obi-Wan aparece para aconselhá-lo e guiá-lo mais uma vez no caminho da Luz. Ver o velho Ben relembrando o Anakin que costumava conhecer, traz todas as memoráveis cenas de amizade entre eles retratadas tão bem na Trilogia Prequel à tona em nossa mente. E isso é fantástico.
É aí que Luke descobre que o fardo de ser o último dos Jedi não é tão pesado com pensou. Ele não estava sozinho. Tinha consigo sua irmã Leia para o ajudar a trilhar seu caminho e passar o conhecimento milenar adiante, como Yoda o instruiu. Nesse momento, Luke decide o que fazer. Confrontar Lorde Vader para salvar Anakin.
A Polêmica
Esta para mim é a parte em que o filme se perde um pouco. Han Solo parece que ficou meio zuado da cabeça nesse um ano que ficou congelado. Não sei se por não querer voltar para o terceiro filme da série fez Harrison Ford dar pouco de si ou se a direção ou roteiro foram pouco eficientes nele. A questão é… Solo está caricato.
Não existe outra palavra que posso descrevê-lo. Caretas exageradas, sorrisos enviesados e zueira constante fizeram dele quase um “Clown“. Sua atuação nos outros episódios era clara, simples e com frases brilhantes. Em Uma Nova Esperança era o cafajeste incrédulo e solitário que encontra amigos verdadeiros, nO Império Contra-Ataca ele é o líder revolucionário, conquistador e amigo leal. Aqui, sua atuação fica apagada quase o tempo todo por um rosto sarcástico e trapalhadas constantes. Se esgueirar atrás de um Scout trooper e pisar em um galho? Não, obrigado.
Quanto aos Ewoks, devo admitir que me incomodam menos agora. Se deixarmos de lado o aspecto fofo deles e perceber que o que vemos no filme é uma representação gráfica de uma batalha muito maior, onde nem todos os guerreiros que lutaram foram vistos conseguimos de verdade aproveitar a sequência. Assisti ao filme hoje novamente e sei que é estranho ver soldados da elite imperial caindo por pedradas e flechas de madeira. Mas a vitória rebelde na Lua Florestal de Endor não veio sem esforço e sacrifício. Incontáveis rebeldes e ewoks pereceram para que ela pudesse se tornar verdade. Foi uma batalha de números. Percebi isso ao ver o que considero uma das cenas mais tristes de toda a saga. Um Ewok ferido tentar levantar seu companheiro de batalha já morto.
Pesaaaado.
A Jornada do Andarilho do Céu
Não pretendo narrar o filme todo aqui (embora tenha feito praticamente isso até agora kkkk) senão ninguém vai ler tudo, então vamos para os finalmentes.
Logo após Luke dizer a Leia que é seu irmão, ele decide se entregar a Vader. A rendição é uma das cenas mais emocionantes e importantes de toda a saga. Ver Luke chamando Vader de Pai pela primeira vez e conseguindo ver, apesar de tudo, Anakin atrás da máscara é lindo e embora Vader mantenha sua posição no Lado Sombrio, uma semente ali foi plantada.
Ao se ver frente a frente com o Imperador, o jovem descobre que seus amigos estão rumando a uma armadilha e se descontrola, atacando seu rival. Mas não como seu pai se descontrolava. Anakin nunca teve o menor controle emocional. À menor menção de Shmi ou de Padmé ele simplesmente surtava e a raiva e o medo o cegavam. O seu destino foi um só: a Perdição.
Mas Luke evoluiu muito desde que saiu de sua fazenda de umidade em Tatooine. Ele enfrenta sozinho o que nenhum Jedi antes enfrentou: dois Lordes Sith e um de seu próprio sangue.
Mesmo não enfrentando Sidious fisicamente, acredito que ele tenha enfrentado sua pior faceta: sua Lábia. Luke resistiu onde muitos, inclusive a Velha República sucumbiram.
Embora tenha se descontrolado ao pensar que o Imperador talvez pusesse as mãos gananciosas em sua irmã, Luke vê a si em seu pai. Percebe que não são muito diferentes e apesar de suas semelhanças ele ainda tinha uma escolha. Ele escolhe ser Jedi e de fato se torna um. O último.
Luke passou por todos os testes, na carne e no espírito, mas mesmo frente ao medo permaneceu firme.
Não acredito que Luke pretendia voltar vivo desta batalha. Penso que além de todas as consequências refletidas na galáxia, aquela foi uma batalha pessoal, uma redenção não só de Anakin, mas do nome dos Skywalker. Acho que ele pensou em deter os Sith a todo custo e ganhar tempo para seus amigos e irmã derrotarem o Império. Luke despediu-se de Leia em Endor e, se analisarmos bem, a encarregou de passar as palavras e ensinamentos da Força a diante.
Mas mesmo não pretendendo voltar, ele voltou. E não voltou sozinho.
Ele abandonou seus medos e frustrações quando se assumiu Jedi, mas carregou consigo o espírito de seu pai de volta para a Luz.
Para mim é o episódio mais emotivo, definido e sóbrio da saga. Por essa razão que o escolhi para fazer essa resenha.
Não é por acaso, também, que escolhi essa imagem da cremação como foto de capa. Para muitos pode ser uma cena triste, mas para mim é extremamente bela e confortadora.
Aos que já entregaram seus Pais à Força, assim como eu, sabem como gostaríamos de dia após dia queimar todos os pecados, culpas e medos que eles cometeram ou tiveram em suas vidas, simplesmente para que sua caminhada “no além” pudesse se tornar um pouco mais fácil.
É engraçado (e até irônico) pensar que o mesmo fogo que jogou Vader em sua Prisão/Armadura Negra o libertou dela e arremessou mais uma vez o “Andarilho para o Céu”.
E agora…?
Por tudo que disse e sinto, acreditei por muito tempo que esse era o final perfeito. E de fato é. O final de Anakin. Sua trajetória, queda e redenção.
Mas não de Luke, Leia, Han e todos os que aprendemos a amar. Eles ainda estão lá. Esperando para nos receber novamente. O que acontecerá? Não sei. Mas como fãs acredito que vamos saber olhar com mente e olhos limpos, e principalmente, nossos corações abertos. Enquanto escrevo isso estamos a 3 dias da estréia de O Despertar da Força, esse sétimo novo capítulo, de um novo Star Wars que se apresenta para nós. Mais uma vez, viajaremos pelos mundos estranhos que nos ensinaram a amar com as pessoas que fizeram e fazem parte de nossas vidas.
Em poucos dias poderemos por fim olhar novamente para a telona, secar os olhos e dizer: “Estamos em casa!“