Primeiras páginas do novo cânon AFTERMATH de Chuck Wendig – TRADUZIDAS
Há alguns dias foram liberadas na rede as primeiras páginas do “Aftermath” de Chuck Wendig, que será o primeiro livro cânone da saga a criar uma ponte entre os filmes Retorno de Jedi e O Despertar da Força. A série Journey to Star Wars: The Force Awakens (Jornada para Star Wars: O Despertar da Força) vai trazer vários livros, assim como quadrinhos e livros de atividades voltadas ao público infantil (quem estamos tentando enganar… nós vamos comprar mesmo assim kkk)
E enquanto o livro não chega traduzido aqui nas terras tupiniquins, traduzimos esse pequeno pedaço para vocês terem o gostinho de quero mais.
Leiam, comentem e esperamos que todos gostem.
Tradução: Jack Allek e Paulo Henrique
Prelúdio
“Hoje é um dia de celebração. Nós triunfamos sobre a vilania e opressão e demos à nossa Aliança — e ao resto da galáxia — uma chance de respirar e comemorar pelo avanço em reivindicar nossa liberdade de um Império que a roubou de nós. Nós temos relatórios do Comandante Skywalker que o Imperador Palpatine está morto, junto com seu braço direito, Darth Vader.
Mas embora nós possamos comemorar, ainda não podemos considerar a hipótese descansar. Nós conseguimos uma grande vitória contra o Império e agora é a hora de aproveitarmos a abertura que criamos. A arma do Império pode estar destruída, mas o Império ainda vive. Sua mão opressora enforca as gargantas de pessoas de bem e livre pensamento pela galáxia, desde Coruscant aos mais longínquos sistemas da Orla Exterior. Nós devemos nos lembrar que nossa luta continua. Nossa rebelião acabou. Mas a guerra… está apenas começando.” — Almirante Ackbar.
Capítulo Um
Agora:
Listras brilhantes de estrelas riscam o preto brilhante. Uma nave emerge do hiperespaço: a pequena Starhopper. Uma nave de um só tripulante. Preferida por muitas das menos desejadas facções aqui na Orla Exterior — piratas, apostadores, caçadores de recompensas e aqueles com recompensas em suas cabeças. Esta nave em particular já viu alguma ação: arranhões de plasma pelas asas e aletas de cauda; um amassado na parte frontal, como se tivesse sido chutada por um andador imperial AT-AT. Tudo de bom para a nave se misturar. À frente: o planeta Akiva. Um planeta pequeno — visto de longe, com estrias de marrom e verde. Espessas nuvens brancas que rodam sobre sua superfície.
O piloto, Wedge Antilles, outrora Líder Vermelho e agora — bem, agora alguma outra coisa, um cargo sem um título formal ainda, porque as coisas estavam tão novas, tão diferentes, descontroladamente suspensas no ar — senta ali e aproveita o momento.
É bom aqui em cima. Calmo.
Sem caças TIE. Sem explosões pela proa de sua X-wing. Sem X-wing, na verdade, e apesar de seu amor por pilotá-las, é bom estar com outra. Sem Estrela da Morte — Wedge estremeceu, porque ele ajudou a derrubar duas dessas coisas. Tem dias que isso o enche de orgulho. Outros dias que é diferente, é pior. Como se ele fosse arrastado de volta pra lá e a batalha ainda estivesse ao redor dele. Mas não hoje.
Hoje está calmo.
Wedge gosta da calmaria.
Ele pega seu datapad. Percorre a lista com um toque no botão lateral. (Teve que apertar algumas vezes a mais para dar certo — se existe algo que espera quando tudo isso acabar, é que talvez eles consigam nova tecnologia. De algum modo, seu datapad está com areia nele e essa é a razão do botão travar.) A lista de planetas passou.
Ele já foi a, vejamos, cinco até agora. Florrum. Ryloth. Hinari. Abafar. Raydonia. Este planeta, Akiva, é o sexto em uma lista de muitos, muitos mesmo.
Foi sua ideia, essa viagem. De alguma forma, as facções remanescestes do Império ainda estão alimentando seus esforços de guerra mesmo meses após a destruição de sua segunda estação de batalha. Wedge sabia que eles deviam ter se mudado para a Orla Exterior — estudando sua história é fácil ver que as sementes do Império cresceram primeiramente lá, longe dos Sistemas do Núcleo, longe dos curiosos olhos da República.
Wedge contou a Ackbar, Mon Mothma: “Pode ser onde estão novamente. Escondendo-se lá fora.” Ackbar disse que fazia sentido. Afinal, Mustafar não tinha importância para as lideranças Imperiais? Rumores dizem que era onde Vader mantinha alguns Jedi há tempos. Torturando-os por informações antes de executá-los.
E agora Vader se foi. Palpatine também.
Quase lá, pensa Wedge — uma vez que encontrasse as linhas de abastecimento que estavam apoiando os Imperiais, ele se sentiria muito melhor.
Pega o comunicador e tenta abrir um canal para o comando e —
Nada.
Talvez está quebrado. É uma nave velha.
Wedge agita de lado, puxa o transmissor pessoal de comunicação que está preso em seu cinto — ele dá uns tapas do lado dele, tenta obter um sinal.
Mais uma vez: nada.
Seu coração despenca para a barriga. Sente por um momento que está caindo. Porque o que tudo isso leva a crer é:
O sinal está bloqueado. Algumas das organizações criminosas que ainda operam aqui tem tecnologia para fazer isso regionalmente — mas no espaço acima do planeta, não, de jeito nenhum. apenas um grupo possui essa tecnologia.
Sua mandíbula se aperta. O frio que sentia na boca do estômago não era infundado, à frente um Destróier Estelar furou as estrelas como uma flecha saindo do hiperespaço. Wedge liga os motores. Tenho que dar o fora daqui.
Um segundo Destróier desliza próximo ao primeiro.
Os painéis da Starhopper repentinamente começam a piscar em vermelho.
Eles o viram. O que fazer?
O que era que Han sempre disse? Apenas voe despreocupadamente. A nave estava disfarçada assim por uma razão: ela poderia pertencer a um contrabandista qualquer aqui da Orla. Akiva é um foco de atividade criminal. Governantes déspotas e corruptos. Vários sindicatos competindo por recursos e oportunidades. Um renomado mercado negro — certa vez, décadas atrás, a Federação do Comércio teve uma de suas fábricas de droid aqui. Isso significa que se você quer um droid fora dos registros, pode vir e comprar um. Na verdade, a Aliança Rebelde adquiriu vários de seus droids aqui.
Novo dilema, no entanto: E agora?
Voar até o planeta para reconhecimento aéreo, assim como o planejado — ou traçar o curso de volta para Chandrila? Algo está acontecendo. Dois Destróiers Estelares aparecendo do nada? Comunicações bloqueadas? Isto não é nada. Isto significa que encontrei o que estava procurando.
Talvez algo muito maior.
Quer dizer: Hora de dar o fora daqui.
Mas vai demorar alguns minutos — viajar pela Orla Exterior não é tão simples como dar um passo daqui para ali. É um salto perigoso. Variáveis infinitas aguardam: nuvens de nebulosas, campos de asteróide, grupos de destroços estelares de vários acidentes e batalhas. A última coisa que Wedge quer é pilotar perto demais da borda de um buraco negro ou através de uma supernova.
O comunicador crepita.
Eles o estão saudando.
Uma voz nítida vem pelo canal.
“Aqui é o Destróier Estelar Vigilance. Você estrou em espaço Imperial.” Wedge pensa: Isto não é espaço Imperial. O que está acontecendo aqui? “Indentifique-se.”
Lanças de medo o atravessam, nítidas e claras como um choque elétrico. Esse não é seu lugar. Falando. Mentindo. Um malandro como Solo poderia convencer um Jawa a comprar um saco de areia. Wedge é um piloto. Mas não é como se não tivesse se preparado para isso. Calrissian trabalhou na história. Ele limpa a garganta, aperta o botão —“Aqui é Gev Hessan. Pilotando uma HH-87 Starhopper: a Rover.” Ele transmite dados. “Enviando as credenciais.”
Uma pausa. “Identifique o motivo de sua visita.”
“Carga leve.”
“Qual a carga?”
A resposta padrão é: componentes de droids. Mas essa pode não colar aqui.
Ele pensa rápido — Akiva. Quente. Úmido. Selva em sua maioria. “Partes de desumidificador.”
Pausa. Uma torturante pausa.
O computador de navegação faz seus cálculos.
Quase lá …
Uma voz diferente saiu pelo alto-falante metálico. Uma voz feminina. Havia rigidez nela. Menos nítida. Nada melodiosa. Alguém que tinha alguma autoridade — ou, pelo menos, alguém que pensava ter.
Ela disse, “Gev Hassan. Piloto número 45236. Devaroniano. Correto?”
A descrição batia. Calrissian conhecia Hassan. O contrabandista — desculpe, o “legítimo piloto e empresário” trabalhou bem contrabandeando mercadorias para ajudar Lando a construir a Cidade das Nuvens. E ele era de fato Devaroniano.
“É isso aí,” disse Wedge.
Outra pausa.
O computador estava quase terminando com os cálculos. Mais dez segundos no máximo.
Números reluzindo no painel …
“Engraçado,” diz a mulher. “Nossos relatórios indicam que Gev Hassan morreu sob custódia Imperial. Por favor, nos permita corrigir nossos registros.”
O computador de hiperespaço termina suas contas.
Ele empurra o propulsor para frente com a palma da mão —
Mas a nave apenas estremece. Então a Starhopper treme novamente e começa a se mover para frente em direção ao par de Destróiers Estelares. Isto significa que eles já o pegaram em seu raio trator.
Ele vira para o controle de armas.
Se vai sair dessa, é agora ou nunca.
♦♦♦
Almirante Rae Sloane olha fixamente para o console e para fora da janela. O vazio escuro. O branco das estrelas. Como alfinetes num cobertor. E fora dali, como um brinquedo nesse cobertor: um pequeno caça de longo alcance.
“Escaneie eles,” ela diz. Tenente Nils Tothwin olha pra cima, dando a ela um sorriso obediente.
“É claro,” ele diz, o despeito do sorriso faz suas feições endurecerem. Tothwin é um símbolo do que está errado com as forças Imperiais hoje: Muitos dos melhores se foram. O que restou, em partes, é a ralé. As folhas e galhos na borda de uma xícara de chá de especiaria. Porém, ele faz o que lhe é mandado, o que já é algo — Sloane imagina quando o Império realmente começará a se romper. Forças fazendo o que eles querem, quando eles querem. Caos e anarquia. O momento em que isso acontecer, o momento em que alguém de alguma notoriedade seguir seu próprio caminho, eles estarão totalmente condenados.
Tothwin escaneia a Starhopper enquanto o raio trator a traz lenta, mas inevitavelmente, para perto. A tela abaixo dele cintila e uma imagem holográfica da nave cresce em sua frente, como se fosse construída por mãos invisíveis. A imagem pisca em vermelho. Nills, com pânico em sua voz, diz: “Hessan está preparando seus sistemas de armas.”
Ela franze as sobrancelhas. “Calma, Tenente. As armas da Starhopper não são suficiente para—” Espera. Ela aperta os olhos. “Aquilo é o que eu penso que é?”
“O quê?” Pergunta Tothwin. “Eu não—”
Seu dedo desliza na frente da holografia— circulando o extenso e curvado nariz da nave. “Aqui. A artilharia da nave. Torpedo de prótons.”
“Mas a Starhopper não estaria equipada— oh. Oh.”
“Alguém veio preparado para uma luta.” Ela se abaixa e vira para o comunicador de novo. “Esta é Almirante Rae Sloane. Eu vi o que você planeja, pilotinho. Preparando um par de torpedo. Deixe-me adivinhar: Você acha que um torpedo de prótons pode desativar nosso raio trator o suficiente para você escapar. Isso pode estar correto. Mas deixe-me lembrá-lo que temos poder suficiente na Vigilance não apenas lhe tornar sucata, mas em poeira. Poeira, vagando pelo escuro. Você não terá tempo. Você irá atirar seu torpedo. Nós atiraremos os nossos. Mesmo que no momento que suas armas nos atinjam nosso raio seja desativado…” Ela estala a língua. “Bem. Se você sente que deve tentar, então tente.”
Ela ordena Nils a mirar na Starhooper.
Apenas por precaução.
Mas ela espera que o piloto seja sábio. Não algum tolo. Provavelmente algum sentinela rebelde, algum espião, o que já é tolo de qualquer jeito — embora menos tolo agora, com a nova segunda Estrela da Morte destruída como a anterior.
Mais um motivo para ela permanecer vigilante, como o nome da nave sugere. O encontro em Akiva não pode falhar. Deve ser feito. Deve ter resultado. Tudo parece estar no limite, todo o Império à beira de um precipício que está se esfarelando em cascalho e pedra.
Pode sentir uma pressão. Uma pressão quase literal — como um punho pressionando suas costas, sugando o ar de seus pulmões.
É sua chance de se sobressair.
Sua chance para mudar a sorte do Império.
Esqueça o modo antigo.
De fato.
♦♦♦
Wedge estremece, o coração disparado no peito como um pulso de íons. Ele sabe que ela está certa. O tempo não o favorece. Ele é um bom piloto, talvez um dos melhores, mas ele não tem a Força ao seu lado. Se Wedge lança esses dois torpedos, eles vão lhe mandar tudo o que têm. E então não importa se ele se liberta do raio trator. Ele não vai ter, mas que um segundo para ficar longe de tudo que eles enviarem em seu caminho.
Algo está acontecendo aqui, no espaço sobre Akiva. ou talvez lá embaixo, na superfície do planeta.
Se ele morrer aqui — ninguém saberá o que é.
Isso significa que vai ter que fazer isso direito.
Ele desliga os torpedos.
Teve outra ideia.
♦♦♦
Baía de atraque 42.
Rae Sloane está na varanda envidraçada, observando o batalhão de Stormtroopers. Assim como Nils, eles são imperfeitos. Aqueles que receberam as melhores notas nos rankings da Academia foram servir na Estrela da Morte ou na nave de comando de Vader, a Executor. Muitos deles nem completaram a Academia — eles foram tirados cedo do treinamento.
Mas estes bastam. Ao menos por agora. À frente estava a Starhopper — manobrando através do vazio do espaço, embalada pelo invisível raio trator. Abaixo da guarnição de caças TIE (metade do que eles precisavam, um terço do que ela preferia), se direcionando lentamente até os stormtroopers que ali estavam reunidos.
Eles têm os números. A Starhooper terá apenas um piloto, provavelmente. Talvez um segundo ou terceiro tripulante.
Se aproxima cada vez mais. Ela imagina: Quem é você? Quem está dentro daquela lata de sardinha?
Um flash brilhante e um tremor – a Starhopper de repente brilha em azul em sua frente.
Ela explode em uma chuva de fogo e fragmentos.
♦♦♦
“Quem quer que fossem,” Tenente Tothwin disse, “eles não queriam ser descobertos. Suponho que conseguiram escapar.”
Sloane anda no meio dos destroços fumegantes daquele caça de longo alcance. Fede a ozônio e fogo. Um par de astro-mecânicos pretos reluzentes usam extintores de incêndio para apagar a última das chamas. Eles têm que navegar ao redor daquela meia-dúzia de corpos de stormtroopers que ali jazem. Capacetes quebrados. Placas torácicas carbonizadas. Rifles espalhados e quebrados.
“Não seja ingênuo.”, ela disse, carrancuda. “O piloto não queria ser descoberto. Mas ele ainda está aqui. Se ele não queria que nós o abatesse nos céus, você realmente acha que ele iria querer morrer aqui?”
“Pode ser um ataque suicida. Maximizar os danos —”
“Não, ele está aqui. E ele não pode estar longe. Encontre-o.”
Nils acena nervosamente. “Sim, Almirante. Imediatamente.”
Fonte: Entertainment Weekly