Resenha – Star Wars: Clone Wars Vol. 1
Era 2003 e as expectativas para o desfecho das prequelas dominavam as opiniões dos fãs da saga e para acalmar um pouco os ânimos, foi contratado para esta missão o russo-americano Genndy Tartakovsky que ficou famoso por desenhar Samurai Jack e Laboratório de Dexter.
Essa parceria com George Lucas lhe rendeu o nascimento dos estúdios Orphanage que um dia sonhou se enveredar nos caminhos que a Pixar trilhou. A própria Pixar tem como presidente um parceiro da Lucasfilm, Edwin Catmull, e como acionistas o querido John Lasseter (Toy Story) e o falecido Steve Jobs.
Star Wars: Clone Wars venceu três premiações Emmy por programas curtos (em 2004 e 2005 e um prêmio por empreendimentos individuais por animação) além das várias menções honrosas por parte de outros criadores e animadores.
A série na época, seria usada como ponte entre os longas “O Ataque dos Clones”(2002) e “A vingança dos Sith”(2005) e nos imergia no contexto das guerras clônicas, algo bem próximo do que fomos jogados ao acompanhar os 15 minutos finais do segundo episódio potencializado para os que viram dentro de uma sala de cinema o que era uma guerra clônica, e se tratando de guerra, os americanos têm um grande fetiche por questões bélicas o que não deixaria os fãs de Star Wars longe disso.
Muitos pesquisadores multimidiáticos elegeram que Star Wars seja um pioneiro da era transmídia (que seus produtos literários, gameficados e de quadrinhos dialogassem entre si), e nessa primeira fatia dos anos 2000, um desenho como este, serviria para dar sentido a uma pequena frase do velho Ben Kenobi citada nos minutos iniciais de Star Wars – Uma Nova Esperança (lá de 1977) que diz a Luke ter lutado junto ao pai nas guerras clônicas.
Apesar do desenho ter dividido opiniões dos fãs mais fervorosos por conta do seu traçado (justamente o que George Lucas procurou e posteriormente elogiou), a peça hoje é vista com mais carinho decorrente ao seu roteiro e sua narrativa.
Ao contrário dos Stormtroopers que hoje sabemos serem humanos (ou não-humanos) recrutados, aqui nessa trilogia, os clones são uma cópia do caçador de recompensas Jango Fett e se o objetivo era tirar o máximo da disciplina de guerra, os kaminoanos concluíram com sucesso. Os desenhos 2D e as animações 3D de Dave Filoni (The Clone Wars, 2008) cumprem bem um papel de ambiente de guerra e seus micro conflitos.
Dentro da estratégia do mestre Sith Darth Sidious, enfraquecer o poder político dos Jedi era algo a se construir em formato conta gotas e a guerra da Federação de Comércio contra República, nos dá impressão de que tenha durado anos ao ponto de que os clones tivessem uma relação quase que familiar com os Jedi para que, ao executar a ordem 66, exterminassem todos os guardiões da paz que estariam cansados e desprevenidos.
As animações também nos afetam, pois nós somos levados a crer que essa convivência entre clones e Jedi, somavam estratégias de guerra para conter o avanço de droids que eram fabricados em maior número pelos acordos da Federação e Conde Dookan.
A primeira temporada de Clone Wars era mais empenhada no formato drops (episódios de 3 minutos tendo apenas a season finale com mais tempo), que traz as antigas report wars de compreensão de estratégia dos clones que constantemente eram colocados em emboscada, mas sabiam como sair dela na maioria das vezes. Obviamente os bônus da série trariam outros pontos de vista de forma que conheceríamos novos Jedi que até então não haviam apresentado suas habilidades ,como Kit Fisto, mais momentos do grande poder de Mace Windu e bem como novos vilões que viriam minar as fragilidades da república e seu cansaço. Os apresentados eram o alien Durge, a aprendiz de Sith Assaj Ventress e o caçador de Jedi, General Grievous.
Há espaço também, para notarmos o quão conflituoso foi para Obi Wan Kenobi treinar o seu padawan Anakin Skywalker que desenvolvia uma grande dificuldade em lidar com hierarquia, mas ao mesmo tempo já demonstrava intimidade com a força, grande habilidade como piloto e uma certa inocência com a manipulação da figura de Palpatine.
Tantas complexidades absorvidas por nós com apenas 3 minutos, me faz crer que a Lucasfilm/Disney depois de mais de 30 anos de material criado e etiquetar uma obra como essa de Legends ; é dar um tiro no próprio pé.
Muitas questões de pontas soltas nos canônicos filmes, tem um suporte perfeito nesta plataforma de preparo da criança para entrar no universo dos longa metragens com mais conhecimento e interesse pelo universo vasto de Star Wars.
Ainda assim, o foco de Clone Wars, bem como The Clone Wars, sempre foi bem sucedido quando nos trazia a chance de conhecer bem mais o comportamento e personalidade dos clones, que apesar de terem uma matriz, desenvolviam sua próprias personalidades sem interferir em suas técnicas e conhecimento em batalhas.
Fiquem ligados que amanhã postaremos a resenha do Volume 2!