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Resenha | “Star Wars: Lordes dos Sith”, de Paul S. Kemp

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Certamente, uma das maiores curiosidades nutrida pelos fãs de Star Wars é desvendar o que aconteceu entre os episódios III e IV da saga. Alguns jogos, livros e quadrinhos já exploraram esse espaço de tempo, a exemplo da série “Rebels”. Com o novo cânon sendo aprofundado pela Editora Aleph, pudemos realizar este desejo, através de livros como “Um Novo Amanhecer”, “Tarkin” e agora com um dos novos lançamentos da editora: “Star Wars: Lordes dos Sith”, do autor Paul S. Kemp, que dá uma nova perspectiva à lacuna deixada após “A Vingança dos Sith”.

O enredo de “Lordes dos Sith” acontece não muito tempo depois da ascensão do Império, e nos apresenta Cham Syndulla (ele mesmo, personagem já apresentado na série “Clone Wars”) e Isval, dois Twi’leks valentes e idealistas que lideram o movimento Ryloth Livre, um foco rebelde que visa emancipar o planeta Ryloth da escravidão e da extorsão imperial assassinando o poderoso Imperador Palpatine e seu mais temido servo: Darth Vader.

Cham é um militar estrategista que se vê como um combatente em prol da liberdade, não como um terrorista e, apesar de não se encaixar em todos os requisitos de um mocinho, possui princípios honrosos. Isval é uma ex-escrava que alimenta ódio e desejo de vingança pelos maus tratos sofridos enquanto estava sob as correntes do Império. Juntos, eles lutam para manter seu povo livre e servir como inspiração para que a resistência se alastre pelo Império, mesmo que Cham demonstre pouca fé em certos momentos, Isval está ao seu lado para motivá-lo…

Do outro lado do conflito estão a Moff Delian Mors e o coronel Belkor Dray, ela uma acomodada e relaxada governante, ele um ambicioso e inescrupuloso militar, capaz de tudo para alcançar o topo na hierarquia de comando em Ryloth. Apesar das obrigações e da cortesia mútua desempenhadas por eles, ambos nutrem um sentimento de desprezo um pelo outro, e isso se acentua drasticamente com o desenrolar da trama. Neste aspecto, o livro oferece uma interessante visão sobre a execução dos cargos dos moffs (um dos títulos do alto escalão imperial, abaixo somente do grand moff e do imperador), e como o Império faz uso dos artifícios políticos e burocráticos para manter a ordem e conquistar sistemas, além da imposição do medo e do poder.

Ao tomar conhecimento da visita do Imperador e de Darth Vader a Ryloth a bordo da nave Perigo para supervisionar o planeta, os insurgentes tramam um elaborado ataque para pôr um fim ao núcleo imperial. A tensão da batalha espacial transforma-se em uma angustiante caçada aos principais ícones do Império e seu exército, interligando mestre e aprendiz, o alto escalão imperial e o movimento rebelde em uma rede de traições e manipulações pessoais.

Além da ação quase ininterrupta através do espaço, o autor consegue construir ótimos diálogos, momentos tocantes e referências às Guerras Clônicas, aos eventos ocorridos durante “A Vinganças dos Sith” e aos icônicos personagens daquela época. Ainda assim, encontra uma maneira poética de envolver Darth Vader, abordando seus sentimentos e suas lembranças, e como ele lida com a transição pessoal de Cavaleiro Jedi a Lorde Sith, detalhando como sua atual condição o imerge num ódio profundo que serve como combustível para que ele construa sua infame imagem de terror.

“O passado é um espectro que nos assombra. Espectros devem ser banidos. Remoer o passado é fraqueza, Lorde Vader.” – p. 187

Apesar do título, são poucos os momentos nos quais os Sith se destacam no livro, mas cada vez que surgem, a leitura ganha um novo vigor. Para os fãs que são mais ligados à narrativa mística de Star Wars, conhecer os pensamentos de Vader e se aproximar da natureza traiçoeira de Palpatine; sempre a testar seu aprendiz para que ele prove sua lealdade,  é  um novo aprendizado.

“Vi… mortes, e rostos do meu passado, os fatos que me trouxeram até aqui. Sempre os vejo ao pensar no destino que a Força me reservou.”- p. 245.

Além de toda essa abordagem espiritual e militar, “Lordes dos Sith” com certeza desperta no leitor mais curiosidade e admiração pelos Twi’leks, mostrando seu orgulho e lealdade, sempre enfrentando o sofrimento das baixas com bravura e esperança. Saber que existem tantos eventos ainda ocultos durante a ascensão do Império é fascinante, imaginar as batalhas vividas por cada personagem torna este universo ainda mais rico e em constante crescimento. “Lordes dos Sith”, sem dúvidas, é um livro escrito por um fã para outros fãs.

 

Allan Torres

Carioca, nerd, futuro jornalista e cineasta. Viciado em cultura pop e, principalmente, em Star Wars, que me conquistou em 2000, quando assisti o Episódio V, aos 7 anos. Avante, jedi.